Ceará lidera geração de empregos no turismo
No mês de junho, o Ceará registrou a maior abertura de oportunidades no turismo no País, com o total de 479 novas vagas. Fatores como o clima, as condições naturais e os efeitos benéficos do investimento privado – primeiros resultados da privatização do Aeroporto de Fortaleza (Fraport) e do novo centro de conexões (Air France-KLM-Gol), com mais voos nacionais e internacionais –, ajudam a explicar esse quadro de alta no Ceará, que foi acompanhado de mais cinco estados. As informações, divulgadas, ontem, constam do estudo Empregabilidade no Turismo, realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de junho.
Com o resultado mensal, regionalmente, o Ceará foi seguido do Maranhão (53), enquanto todos os demais estados nordestinos recuaram – exceto o Piauí, que não variou. O Estado também avançou no comparativo com igual mês de 2017, com o saldo de 764 novas vagas, ficando atrás de Pernambuco (1.428) e Piauí (923) – sendo que o Nordeste somou 1.414 novas vagas. Segundo a CNC, outro número positivo também foi registrado no saldo anual, quando comparados os meses de dezembro de 2017 e 2016.
Nessa base, o crescimento registrado pelo Ceará foi de 836 vagas, enquanto que, no País, houve corte de 9.761 empregos. Já os números nacionais não foram positivos. Em junho, os serviços ligados ao turismo continuaram amargando prejuízos, uma vez que se manteve a tendência do desemprego de maio. Enquanto que as demissões chegaram a 7.743, em junho, o número de desempregados foi um pouco maior em maio, atingindo 8.754 trabalhadores. Nesses dois meses, o desemprego acumulou 16,5 mil pessoas, reflexo do tamanho do ajuste de diminuição de custos que as empresas realizaram.
Balanço
O resultado entre admissões/demissões no 1º semestre atingiu -11.689, menor do que o verificado em igual período do ano passado (-13.061). Em 2016, a economia do turismo brasileiro gerou 37.392 novos postos, apesar da recessão. Segundo a CNC, isso ocorreu porque as empresas do setor de serviços demoraram a reduzir o contingente de pessoal.
O estudo da CNC apontou que o desemprego em junho se disseminou, varrendo todas as regiões, com destaques para Sul (-2.049) e Sudeste (-3.853). Nos sete estados que compõem as duas áreas, o Espírito Santo foi a exceção, onde o emprego cresceu com pouca expressão (10 pessoas a mais). Em junho, poucos estados registraram superávit na conta emprego no turismo: Amazonas (152), Maranhão (53), Mato Grosso (33) e Goiás (67).
De janeiro a junho de 2018, apesar do resultado negativo no País (-11.689), o emprego foi puxado pela movimentação do mercado de trabalho de São Paulo (7.656). Em contraposição, o Rio de Janeiro foi o estado que mais cortou oportunidades de trabalho (-6.968) – enquanto Ceará e Nordeste cortaram 275 e 4.590 vagas, nessa base, respectivamente. Igual fenômeno se repetiu em 12 meses, quando se compara junho/18 com junho/17. São Paulo foi o local onde o nível de emprego mais avançou; enquanto as empresas turísticas localizadas no Rio de Janeiro foram as mais afetadas pela queda das vendas.
Setores
Por setores ligados ao turismo, a produção de emprego foi pouco significativa. Agentes de viagens (71) e cultura e lazer (49), assim como locadoras de veículos (33) e empresas aéreas de transporte de passageiros (305) e ferrovias (111), foram os segmentos que mais empregaram. Contrariamente, conforme a CNC, hospedagem e alimentação impulsionaram o desemprego (-6.269). Em 12 meses, verifica-se uma situação favorável, ainda na esteira do crescimento da economia no ano passado e no primeiro trimestre/18. O contingente expressivo de mão de obra alocada em hospedagem e alimentação (65%) e transporte de passageiros (30%) infere que o desempenho da empregabilidade do turismo depende sobremaneira do comportamento destas atividades. Embora as outras também sejam muito relevantes para a evolução do setor, destacou o levantamento da CNC.
Avaliação de economista é otimista, mas dependente
Para o economista da entidade, Antônio Everton, no curto prazo, a melhora do setor vai depender do otimismo dos consumidores quanto às perspectivas do mercado de trabalho, à estabilidade dos preços e à folga para gastos novos nos orçamentos.
“Também vai depender da capacidade de a economia voltar a crescer”, projeta o especialista. “Enquanto isso não acontece, o emprego no turismo continuará sofrendo as oscilações da conjuntura econômica, retrato do desempenho das empresas do setor”, completa.
Por fim, Everton ponderou que o consumidor nacional revelou-se cauteloso em virtude da baixa confiança com relação à economia. “Além disso, a retração do mercado de trabalho junto com a alta da inflação e a baixa confiança para o consumo desaceleraram as vendas das atividades do setor”, finalizou.
Fonte: Jornal O Estado do CE em 01.08.18